No mês de março, as chuvas ficaram acima da média histórica (valores acima de 100%) em grande parte dos municípios (Figura 1b), com chuvas acumuladas que variam entre 120 – 240 mm. Na maior parte dos dias, essa situação ocorreu devido ao deslocamento de frentes frias, aliado a passagem de cavados e instabilidade termodinâmica (calor e umidade). Na Figura 1c, na região sul do estado observou-se anomalia positiva, o que indica que choveu acima da média climatológica nestas regiões. Já os municípios, por exemplo, Camapuã, São Gabriel do Oeste (indicado pela cor vermelha no mapa) observa-se anomalias negativas, o que indica chuvas abaixo da climatologia.
Figura 1. Precipitação acumulada (a) Porcentagem da precipitação do que é esperado para o mês (b) e Anomalia da Chuva (c) durante o mês de março de 2022. Fonte dos dados: MERGE/INPE. Processamento de dados:CEMTEC/SEMAGRO.
Na Tabela 1 e 2 são mostrados os valores observados de precipitação acumulada (mm) das estações meteorológicas do INMET/SEMAGRO e CEMADEN. Pela análise dos dados do INMET/SEMAGRO, observa-se que os municípios de Campo Grande e Laguna Carapã apresentaram chuvas acima da média climatológica, com valores acima de 170 mm/mês. A % da climatologia representa a variação da chuva em relação a climatologia, ou seja, azul (vermelho) indica chuvas acima (abaixo) da média climatológica.
Tabela 1. Precipitação Acumulada (mm) observada durante o mês de março de 2022. Fonte dos dados: INMET/SEMAGRO.
Na Tabela 2 (dados do CEMADEN), observa-se nos municípios Dourados, Bela Vista, Ponta Porã, Itaquiraí e Campo Grande chuvas acima de 240 mm/mês. Já os municípios de Coxim, Corguinho e Três Lagoas as chuvas ficaram abaixo de 100 mm/mês.
Tabela 2. Precipitação Acumulada (mm) observada durante o mês de março de 2022. Fonte dos dados: CEMADEN.
Na Figura 2 são apresentados os SPI na escala de 3, 6 e 12 meses para o mês de março de 2022. No geral, nas três escalas do SPI, observam-se intensidade na categoria seca, indicando déficit de precipitação. Porém, comparado ao mês passado, houve desintensificação das condições de seca no estado. Pela análise do SPI-3, nas regiões pantaneira (Corumbá), sudeste/leste (Nova Andradina) e leste/nordeste (Paranaíba) do estado observam-se valores entre -0.8 a -1.6. O SPI-6 mostra na região pantaneira e sudeste/leste valores < -1.3. No SPI-12, as regiões mais críticas são a região pantaneira, leste e sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul.
Figura 2. Índice Padronizado de Precipitação (SPI) na escala de (a) 3, (b) 6 e (c) 12 meses para o mês de março de 2022. Fonte dos dados: MERGE/CPTEC/INPE. Processamento de dados: CEMTEC/SEMAGRO.
Na Figura 3 são apresentadas a média climatológica e a previsão probabilística da previsão acumulada para o trimestre AMJ, onde observa-se acumulados de chuva entre 100 a 400 mm (Figura 3a). Destaca-se que na maior parte do estado os acumulados de chuva variam de 200 a 300 mm durante estes 3 meses. A previsão probabilística indica que as chuvas ficarão entre 40 e 50% abaixo da média climatológica (tons laranja na Figura 3b) em grande parte do estado, com destaque na região extremo sul do estado que pode ficar entre 50-60% abaixo da climatologia. Esta previsão se deve à atuação da La Niña (80% de probabilidade de ocorrência), que é um fenômeno oceânico-atmosférico de resfriamento das águas do oceano Pacífico, e por consequência, gera mudanças nos padrões de circulação atmosférica que impactam no regime das chuvas. Além disso, as temperaturas do ar tendem a ser mais altas e com umidade relativa do ar baixa devido a ausência ou menor cobertura de nuvens.
Figura 3. Climatologia (a) e Previsão Probabilística (b) da precipitação acumulada para o trimestre de Abril-Maio-Junho (AMJ) de 2022. Fonte: INMET e WMO LRF MME.